ORAI E VIGIAI
Desde que eu
nasci eu conheço o sofrimento. Com o tempo você se acostuma com ele, pelo
simples fato de não conhecer a alegria e desconhecer a felicidade. Ele se torna parte do seu dia-a-dia, o seu
companheiro e aí ele deixa de ser sofrimento porque você nem lembra mais dele,
pois ele está tão acoplado à sua vida que você nem o nota mais, tira tudo de
letra, afinal você o conhece há muito tempo. Você é infeliz com os filhos, no
casamento, é culpada por uma porção de coisas que na realidade nem é culpa sua,
mas como eu falei antes, o sofrimento já faz parte da sua vida e tanto faz você
ser a culpada ou não, é indiferente.
Quando eu
achei que já conhecia tudo sobre sofrimento, eis que vem um maior. Eu jurei um
dia nunca amar ninguém e com isso eu não vigiei. Até hoje eu me pergunto o que
me chamou a atenção naquele homem, aquela sensação dele não ser desconhecido,
aí eu me apaixonei e me estrepei. A pior escravidão é a do amor, então eu vou
viajar bem antes pra Londrina. Eu sei que o tempo não apaga, mas ameniza, no
entanto, eu preciso sair do Rio, fazer exames em Londrina, conversar com meu
grande devedor e amigo, Otávio Genta, confidenciar coisas a ele que jamais
confidenciei a ninguém, e torcer para que como tão rápido veio, tão rápido se
vá.
É uma pena,
mas tem homem que é cego. Sabe o que é pior? É que a até a personalidade ele
perdeu e não se deu conta. Esse amor tem a característica de um câncer e então
deve ser extirpado no início, é o que vou fazer. Na próxima semana vou ver se
consigo voltar para Londrina. Quem sabe rever os meus amigos, os meus gatos, eu
volte a minha vida habitual. Foi bom conhecer você, pena que não deu certo,
você é um grande homem, pena que não se dê conta disso. Eu agradeço a Deus duas
coisas que me fez chegar onde cheguei: 1) não ter medo de nada, por tal
confiança que tenho Nele e; 2) muito menos ser servil a alguém que usa de
chantagem emocional para prender alguém.
Kátia Paes
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