O CORAÇÃO DESOLADO
Na Avenida da Dor esquina com a Decepção morava um coraçãozinho tão machucado, maltratado, escorraçado, sofria tanto o coitadinho, pois passava fome, ficava ao relento e como se não bastasse era desprezado, quando não ignorado. Ao cair da noite, conseguia um jornal velho para esquentar-se e conseguia um canto qualquer na velha marquise que chamava de lar. Olhava para o céu e rezava, agradecia pelo dia que terminava e pedia para que o dia seguinte fosse ao menos igual ao que passara, pois pelo menos ele havia sobrevivido. Mas, ao amanhecer ele observou que todos tinham sua companheira. Falou com o amigo: - Poxa, tão bonito vocês dois. - Você também deveria arrumar uma companheira. - Será? Tenho medo, já sofri tanto. Respondeu o amigo dele: - Claro que vai ser bom! Todo mundo tem direito a felicidade. - Ah, talvez! Exclamou o coraçãozinho. Anoiteceu debaixo da velha marquise e preparou-se para dormir. Olhou para o céu e rezou: - Ó meu Senhor de...